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Dormentes ferroviÔrios: substituição de dormentes

Atualizado: 1 de abr. de 2023

Introdução


Na postagem anterior, aprendemos sobre vÔrios tipos de equipamentos de pequeno porte utilizados na manutenção da via e, agora, vamos analisÔ-los na prÔtica. Além disso, neste post, daremos atenção, principalmente, à substituição de dormente, analisando os critérios de aplicação, bem como o passo a passo para fazer a substituição.


Critérios para a aplicação de dormentes


Na tabela abaixo podemos observar alguns critérios de aplicação de dormentes comuns:

TLS – Trilhos longos soldados

TCS – Trilhos contĆ­nuos soldados

Ɖ vĆ”lido destacar que o ponto de transição de tipos diferentes de dormentes deve ser locado a 30 metros de distĆ¢ncia de inĆ­cio/tĆ©rmino de curvas, pontes, viadutos e tuneis.

Em dormentes especiais, devemos considerar os seguintes critérios para sua aplicação:

Obs. 1. Aplicação de aço e concreto em pontes e viadutos com lastro, somente se dormente tiver predisposição para contra-trilho.

Obs. 2. Atualmente, somente se recomenda a aplicação de dormentes especiais de concreto para AMV em jacarés de ponta móvel. Nos jacarés de ponta fixa hÔ os inconvenientes da grande variação entre os valores de eixamento dos veículos ferroviÔrios que provocam esforços excessivos quando da sua passagem pelos jacarés.

Os dormentes também possuem um espaçamento/taxa de dormentação padrão.


Obs. 1. Para cargas acima de 27,5 ton/eixo

Obs. 2. Para curvas apertadas (r < 280 m ou 4°). Devido à sobrecarga no trilho interno e necessidade de aumentar resistência da grade ao esforço lateral


Ɖ vĆ”lido destacar que o espaƧamento de AMV, pontes e viadutos Ć© dado conforme o projeto.


JÔ em relação ao espaçamento de dormentes em juntas metÔlicas ou isoladas, podemos ter duas opções de posicionamentos, são elas: junta apoiada e junta em balanço. Esta última é a mais recomendada e se dÔ quando apoiamos as pontas dos trilhos em dois dormentes, conforme figura abaixo à direita. A junta em balanço é mais apropriada pois gera menos impacto nos trilhos quando a locomotiva estÔ passando. JÔ a junta apoiada é aquela em que dois trilhos se apoiam em um dormente.

No que se diz respeito ao espaçamento de dormente em soldas, temos que destacar que elas devem ser executadas nos centros dos vãos entre os dormentes. Caso necessÔrio, deve-se espaçar os dormentes, no mÔximo ± 10 mm em relação ao espaçamento padrão.


Carga e descarga de materiais


Na carga e descarga de dormentes, devemos ter o mÔximo de cuidado possível com a integridade da peça. Para isso, devemos considerar que os dormentes de madeira são mais resilientes e por isso podem ser arremessados, mas isso nunca deve acontecer com os de concreto e aço. Isso implica que, devemos privilegiar a descarga de dormentes de concreto e aço com cinta ou com garra. Estes, ao chegarem nos centros de distribuição devem ser manuseados com empilhadeiras. Além disso, devemos impedir o contato de dormentes novos direto com o solo e humidade constante, para evitar a degradação prematura desses dormentes. Outro cuidado importante é sobre empilhar os dormentes sempre antes da carga e descarga. Ademais, a descarga no trecho pode ser unitÔria e devemos atentar para ordenação da carga no vagão não gerar carga excêntrica. Isso implica que a carga tem que ser distribuída uniformemente pelo vagão, para que uma parte não esteja mais pesada que a outra e acabe gerando um descarrilamento.


Como jƔ mencionado, alguns materiais podem ser projetados, lembrando sempre do cuidado e da seguranƧa das pessoas ao redor.


Como jÔ mencionado em outros posts, os dormentes de madeira podem ser descarregados e carregados por pessoas sem ajuda de mÔquinas. No manuseio desses dormentes, devemos atentar na hora de andar sobre a carga, isso não pode acontecer com o veículo em movimento e ao deslocar sobre elas devemos tomar muito cuidado. No momento da descarga, é necessÔrio observar se o dormente não caiu sob o veículo, visto que isso pode acarretar um descarrilamento.


No que se diz respeito ao recolhimento dos dormentes devemos considerar:

  • Dormentes retirados da linha devem ser empilhados

  • Privilegiar local de pilhas em aceiros, ou seja, regiƵes limpas de mato

  • Ter atenção ao gabarito da via

  • Selecionar dormentes inservĆ­veis e reempregĆ”veis em pilhas distintas

Substituição de dormentes


A seguir vamos mostrar os passos para a substituição de dormentes detalhando-os e mostrar a utilização dos EPP’s na prĆ”tica. Para isso, sugerimos que veja o post de Equipamentos de Pequeno Porte. Dessa forma, vocĆŖ ficarĆ” familiarizado com os termos utilizados a seguir. AlĆ©m disso, temos um curso completo sobre Fundamentos de Manutenção de Via Permanente, no qual aprofundamos sobre este assunto e afins.


1. Retirada da fixação


Para a retirada da fixação devemos ter alguns cuidados gerais relacionados à atividade:

  • Atentar-se Ć s irregularidades do piso para evitar quedas e torƧƵes e manter uma postura adequada;

  • Manter-se sempre afastado do raio de projeção da marreta utilizada por outro empregado e interromper sua atividade se verificar outro empregado próximo ao raio da sua ferramenta;

  • As pessoas que nĆ£o estiverem envolvidas na atividade deverĆ£o manter-se a uma distĆ¢ncia de no mĆ­nimo 15 metros;

  • Em caso de substituição de dormentes a eito (quando vĆ”rios dormentes sĆ£o substituĆ­dos em sequĆŖncia), Ć© permitida a retirada de fixaƧƵes em no mĆ”ximo dois dormentes em sequĆŖncia sob o risco de abertura de bitola e flambagem do trilho, colocando em risco a seguranƧa operacional. Isso significa que vocĆŖ irĆ” retirar dois dormentes e pular dois, para nĆ£o perder a bitola da via.

Para retirada do grampo pandrol temos os seguintes procedimentos:

1º Posicionar o Pampuller na aba do grampo e no olhal da placa de apoio e forçar a ferramenta até a completa retirada do grampo.

2º Para retirar fixação Pandrol em placas de apoio originais, possivelmente, serÔ necessÔrio o auxílio de uma marreta para executar a atividade. Essa opção deve ser em último caso, uma vez que é perigoso a saída de lascas, tanto da marreta quanto da fixação. Essas lascas podem sair na velocidade de uma bala e perfurar o trabalhador.

Retirada de prego de linha manualmente com alavanca:

1º Posicionar a ponta da alavanca com a fenda entre a cabeça do prego e a superfície da placa de apoio, pressionando a extremidade oposta da alavanca para baixo.

2º Se o prego não sair, calçar a alavanca utilizando uma cunha metÔlica.


Retirada mecanizada de prego de linha:

1Āŗ Posicionar a mĆ”quina de arrancar pregos para um dos trilhos e encaixar a ā€œgarraā€ da mĆ”quina entre a cabeƧa do prego e a superfĆ­cie da placa de apoio.

2º Ao transportar e movimentar a mÔquina, evitar esforço excessivo. E quando içÔ-la manualmente deve-se solicitar o apoio de colegas e adotar uma posição ergonÓmica correta.

3º Somente ligar a mÔquina após ela estar parada e posicionada para o trabalho.

Retirada mecanizada de tirefond:

1Āŗ Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela.

2Āŗ Verificar o soquete adequado e encaixĆ”-lo na tirefonadeira.

3Āŗ Encaixar o soquete na ā€œcabeƧaā€ do tirefond para desparafusĆ”-lo e em seguida retirĆ”-lo.



Retirada manual de tirefond:

1º Encaixar a chave de tirefond na cabeça do tirefond e girÔ-la no sentido apropriado para desparafusar.

2º Esta tarefa exige a participação de dois executantes para evitar esforço excessivo, torções lombares e lesões à coluna.


Retirada mecanizada de fixação RN:

1Āŗ Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela.

2Āŗ Verificar o soquete adequado e encaixĆ”-lo na tirefonadeira.

3º Encaixar o soquete na porca do parafuso para desparafusÔ-lo e em seguida retirar o clipe elÔstico, o parafuso RN e o coxim se existente.


Retirada manual de fixação RN:

1º Encaixar a chave na porca do parafuso RN e girÔ-la no sentido apropriado para desparafusar e em seguida retirar o clipe elÔstico, o parafuso RN e o coxim se existente.

2º Esta tarefa exige a participação de dois executantes para evitar esforço excessivo e lesões à coluna


Seleção de fixação para reemprego:

Após a retirada das fixações, deverÔ ser feita a seleção do material a ser reempregado. Em caso de fixação Deenik, para não utilizar grampos danificados, deve-se fazer uma inspeção visual apoiando-o em uma superfície plana e verifica-se o espaço entre as pernas do grampo e a superfície plana, que deve ser de aproximadamente 2 mm e não pode ultrapassar a 4 mm.

Retirada de retensor:

1º Caso haja, o lastro deve ser retirado antes da execução desta atividade.

2º Bater com marreta em sua extremidade menor, forçando-o para baixo até que o ressalto aí existente o destrave. Posicionar um dos pés do lado oposto ao da batida sobre o retensor para evitar a projeção do mesmo.

3º HÔ riscos de projeção do retensor, marreta ou partículas e prensamento de membros. Assim, verificar sempre as condições das ferramentas.


Retirada manual de placa de apoio ou palmilha:

1º Com uma alavanca apoiada no dormente, forçÔ-la para baixo levantando o trilho o mínimo possível de modo a folgar a placa/palmilha.

2º Empurrar a placa com alavanca ou marreta no sentido do trilho até sua completa retirada.

3º Em dormente de concreto, para a retirada manual da palmilha e coxim, deverÔ ser utilizada uma espÔtula para facilitar a retirada da palmilha.

4º Esta operação deve ser realizada com cuidado e por duas ou mais pessoas


2. Abertura lateral da casa de pedra


Para fazermos uma abertura lateral na casa de pedra devemos utilizar uma picareta, forcado ou enxada, a fim de retirar o lastro entre os dormentes removendo o ombro até a face inferior do dormente a ser substituído. No caso de lastro muito contaminado/compactado pode ser necessÔrio utilizar o rompedor. Nesta tarefa o empregado deve ter especial atenção em relação à postura do corpo na retirada e lançamento do lastro, hÔ também perigo de queda devido às irregularidades do lastro. Caso haja retensor no local, o próximo passo serÔ sua retirada. Em caso negativo, segue-se à retirada do dormente a ser substituído.


3. Remoção do dormente velho


Para remoção do dormente velho devemos deslocĆ”-lo atĆ© que caia para o vĆ£o aberto. Em seguida, empurrar com alavanca e arrastar com a ferramenta tenaz e depositar em local onde possa ser recolhido e/ou empilhado. Ɖ vĆ”lido destacar que o dormente nunca deve ser manuseado com as mĆ£os. AlĆ©m disso Ć© dever do executante, manter sua frente de trabalho organizada de modo a evitar acidentes. A remoção do dormente velho pode ser feita de maneira manual ou mecanizada.


TambƩm Ʃ possƭvel a retirada mecanizada de dormentes. Para isso Ʃ utilizado um manipulador de dormente hidrƔulico para reduzir esforƧo dos trabalhadores e aumentar a produtividade.


Outra forma de mover os dormentes mecanicamente Ć© utilizando a Tie Gang, trocadora de dormente.


4. Tarugamento dos furos quando reempregƔvel


O tarugamento Ć© necessĆ”rio sempre que um furo nĆ£o for mais utilizado, como objetivo de impedir a entrada de humidade e o apodrecimento. Ɖ necessĆ”rio destacar que o tarugamento Ć© importante para nĆ£o perdemos o dormente.


Os furos do dormente devem ser tarugados, conforme os trĆŖs passos a seguir.

1. Colocar um tarugo (cilƭndrico ou prismƔtico) de madeira no furo.

2. Bater com a marreta atƩ preencher todo o furo.

3. Retirar, com a enxó, a ā€œrebarbaā€ excedente do Tarugo


5. Entalhe


Quando o dormente de madeira possuir imperfeições, deve-se entalha-lo para permitir que as bases das placas de apoio de um mesmo dormente fiquem num mesmo plano. Com isso, devemos considerar que, quando não for utilizar placa de apoio ou a placa for plana, o entalhe serÔ de 1:20, a fim de garantir a inclinação dos trilhos.


Para o procedimento de entalhe, Ʃ necessƔrio seguir os seguintes passos:



1Āŗ Escolher a melhor face do dormente e marcar com giz o centro do mesmo, tomando-se por base o seu comprimento



2º A partir do centro, em direção às extremidades marcar a posição dos eixos dos trilhos


3º A partir das posições dos eixos dos trilhos, em direção aos dois lados, marcar as posições extremas do patim do trilho adotado, cuidando que a posição interna seja ultrapassada em 5 cm. Este passo pode ser realizado utilizando-se o gabarito de entalhamento.


4º Utilizar a enxó no sentido longitudinal do dormente, cortando do lado externo em direção ao interno, na inclinação de 1:20. Isso implica que para cada variação de 1 mm de altura, aumenta-se 20 mm de comprimento, cuidando que a superfície cortada não fique empenada.



Ɖ vĆ”lido mencionar que em dormentes que possam ser trabalhados fora da linha, utilizar o gabarito de entalhamento. Ademais, hĆ” perigos de corte e projeção de partĆ­culas, por isso, deve-se utilizar perneira adequada (caneleira) e óculos de seguranƧa.


6. Inserção de um novo dormente


A inserção do dormente novo deve acontecer posicionando o topo da peça na entrada da casa da via com o auxílio da tenaz do dormente. Na sequência, a alavanca deve empurrar sua extremidade de forma que deslize livremente para baixo dos trilhos. Para realização desse processo não se deve usar marreta, picareta ou nenhuma ferramenta que danifique o dormente e que possa reduzir sua vida útil. Caso aconteça a utilização dessas ferramentas para bater na face dos dormentes, é perigoso perder os gang nails, trincar o dormente de concreto e até mesmo empenar o dormente de aço.

Devemos tomar alguns cuidados quanto ao espaƧamento e esquadro:

  • Respeitar espaƧamento padrĆ£o

  • TolerĆ¢ncia de espaƧamento de ± 10mm

  • NĆ£o se deve golpear os dormentes! Utilizar alavanca e tenazes

  • NĆ£o posicionar os dormentes sob soldas aluminotĆ©rmicas

  • Quando necessĆ”rio, reespaƧar dormentes próximos com tolerĆ¢ncia unitĆ”ria de ± 10mm

  • Manter os dormentes perpendiculares ao eixo da via (quadramento)

Para inserirmos a placa de apoio ou palmilha, devemos seguir alguns passos. Ɖ necessĆ”rio inserir a placa de apoio com o auxĆ­lio de alavanca apoiada no dormente. Em sequĆŖncia, forƧar a alavanca para baixo levantando o trilho o mĆ­nimo possĆ­vel para a inserção manual, deixando a mesma centralizada em relação ao eixo do dormente novo, ajustada ao patim do trilho e com a superfĆ­cie inclinada voltada para o eixo da linha.


JÔ em dormente de concreto, com uma alavanca apoiada nele, forçÔ-la para baixo levantando o trilho o mínimo possível para a inserção manual da palmilha e coxim, deixando a esta centralizada em relação ao eixo do dormente novo, ajustada ao patim do trilho.


A inserção da placa de apoio ou palmilha requer muito cuidado, uma vez que a utilização da alavanca para levantar o trilho oferece perigo de esforço excessivo e quedas por escarpar do trilho. Por esse motivo, o empregado deve, sempre que necessitar, pedir ajuda a um empregado mais próximo. Ademais, é recomendado que não se deve utilizar as mãos para fazer a retirada da placa de apoio e ter muita atenção na retirada das palmilhas, uma vez que hÔ risco de aprisionamento de membros.


7. Furação do dormente


Uma vez que colocamos o dormente, é necessÔrio fazer a sua furação, que pode ser preferencialmente mecanizada, mas também pode ser manual. A seguir mostraremos esses dois tipos de furação.


7.1. Furação mecanizada


Para realizar esse procedimento, utilizamos a mÔquina de furar dormente convencional ou portÔtil. Assim, o operador da mÔquina deve regular o mandril da mÔquina para ajustar a profundidade do furo de acordo com a espessura do dormente e o comprimento do prego ou tirefond. Qualquer ajuste ou substituição de peças e implementos deve realizar-se com a mÔquina desligada.


Para execução da furação do dormente, serÔ utilizada mÔquina de furar dormente convencional ou portÔtil. A diferença entre elas é que, com a mÔquina convencional, se tem uma produção muito maior, devido ao fato de que com ela conseguimos fazer o furo direto. JÔ com a portÔtil temos um pouco mais dificuldade na hora da furação.


Após executar a furação devemos verificar a bitola e caso não esteja adequada, haverÔ necessidade de fazer a correção da bitola.


Ɖ importante destacar que o executante deve ter cuidado com partes moveis/rotativos da mĆ”quina, pois a broca pode atingir o uniforme do executante ou membros inferiores. AlĆ©m disso, Ć© proibida a utilização de camisa para fora da calƧa nesta tarefa.


7.2. Furação manual


Na furação manual, o operador deve posicionar o arco de pua no centro dos furos das placas que deverão receber as fixações. No entanto, se a furação for em dormente sem placa, o executante deverÔ posicionar o arco de pua encostando a sua broca no patim do trilho, no ponto em que deverÔ receber a fixação.


7.3. Diâmetro de brocas para furação de dormentes


O diĆ¢metro da broca Ć© sempre um 1/8ā€ menor que o tirefond utilizado naquele furo. Trouxemos uma tabela para mostrar alguns tamanhos de brocas para cada tipo de parafuso utilizado.

7.4. Posicionamento dos furos no dormente com ou sem placa de apoio


Em tangentes:


Utilizando dois tirefonds ou pregos por placa, a disposição dos novos furos serĆ” em forma de ā€œVā€ em relação ao sentido da quilometragem, de modo que a ponta do ā€œVā€ esteja posicionada do lado em que a quilometragem for crescente. Caso o sentido do "V" no local estiver padronizado no sentido decrescente, este padrĆ£o deverĆ” ser mantido.


Em curvas:


Utilizando três tirefonds ou pregos por placa, alternar fixação a cada dormente ora uma do lado interno e duas do lado externo, ora duas do interno e uma do externo.


7.5 Posicionamento dos furos no dormente sem placa de apoio


Para o posicionamento dos furos no dormente devemos seguir os seguintes passos:

1Āŗ Dividir a largura Ćŗtil do dormente por aproximadamente 3.

2º A partir das extremidades, puxar a medida encontrada em direção ao centrodo dormente.

3º Marcar neste ponto a posição do furo, observando o passo 1.


8. Colocação da fixação


Aplicação de Pandrol:

Para aplicar, inserir o grampo Pandrol manualmente no buraco da placa de apoio e pressionƔ-lo sobre o trilho utilizando-se do Pampuller atƩ o encaixe final.


Aplicação de Deenik:

Na aplicação, posicionar o grampo Deenik em frente à fenda da placa de apoio e encaixar o alicate de montagem a ele. Em seguida abrir as hastes do alicate de montagem, pressionara parte frontal do grampo para encaixÔ-lo no orifício da placa de apoio. Após o encaixe, o grampo é desacoplado do alicate. Posicionar o aplicador (Puxador) para grampo Deenik, forçando o mesmo até que este suba totalmente no patim do trilho.


Aplicação de prego de linha:

Aplicar o prego no furo da placa de apoio destinado a recebê-lo. Se o trilho for assentado diretamente no dormente, aplicar o prego no furo realizado no dormente para recebê-lo. Com a marreta, golpear a cabeça do prego até que ele se encoste ao patim do trilho. Se for verificado que a cabeça do prego se encostou ao patim do trilho, mas ainda hÔ um espaço entre a lateral do patim e o corpo do prego, é necessÔrio novo golpe, de modo a aproximar o corpo do prego da lateral do patim.


Aplicação de tirefond com equipamento mecanizado:

Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela.

Verificar qual o soquete (castanha) Ć© adequado Ć s dimensƵes do tirefond a ser aplicado e encaixĆ”-lo na tirefonadeira. Encaixar o soquete na ā€œcabeƧaā€ do tirefond e acionar a alavanca da mĆ”quina descendo o mesmo atĆ© este encostar no patim do trilho.


Aplicação de tirefond manualmente:

Encaixar a chave na cabeça do tirefond e girÔ-la no sentido apropriado para parafusar, conforme a necessidade seja a de retirÔ-lo ou aplicÔ-lo. Esta tarefa exige a participação de dois executantes para evitar esforço excessivo e lesões à coluna.


Aplicação de tirefond:

No caso de dormente que serÔ aplicado diretamente no trilho sem placa, o mesmo jÔ deverÔ estar entalhado conforme visto anteriormente. Colocar os tirefonds apertando-os até o patim do trilho com a tirefonadeira convencional ou portÔtil ou chave de tirefond. Se a fixação for somente de pregos, estes devem ser batidos com marreta até o patim do trilho, finalizando com a recolocação dos retensores.


Aplicação de fixação RN com equipamento mecanizado:

Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela. Verificar qual o soquete (castanha) Ʃ adequado Ơs dimensƵes do parafuso RN a ser aplicado e encaixƔ-lo na tirefonadeira. Encaixar o soquete na porca do parafuso RN e acionar a alavanca da mƔquina descendo a porca atƩ que esta aperte o clipe elƔstico RN contra o patim.


Aplicação de fixação RN manualmente:

Inserir o parafuso RN no local de encaixe do dormente de concreto e em seguida colocar o clipe elƔstico, a arruela e a porca no parafuso. Encaixar a chave na porca do parafuso RN e girƔ-la, descendo a porca atƩ que esta aperte o clipe elƔstico RN contra o patim.


Aplicação de retensor:

O retensor é aplicado batendo-se com marreta em sua extremidade maior, forçando-o até que o ressalto, existente na outra extremidade, o trave. Em seguida, deve-se posicionar um dos pés do lado oposto ao da batida sobre o retensor para evitar a sua projeção. Os retensores deverão ficar encostados nas laterais do dormente e na parte interna da linha.


9. Socaria do dormente


Após a substituição do dormente, é necessÔrio executar a socaria do mesmo para garantir que não haja espaço entre o dormente e o calo da via e garantir a estabilidade da via. Se houver algum espaço entre o dormente e o calo da via, pode gerar um desnivelamento dinâmico quando o veículo ferroviÔrio passar. Esta socaria deve ser preferencialmente mecanizada, mas também pode ser manual.


Para a socaria mecanizada, o executante deve posicionar a lâmina do vibrador junto e paralelamente ao dormente na direção vertical e sempre com a ponteira dirigida para o trilho. Em seguida, a lâmina serÔ recuada e novamente inserida, sem sair do lastro, até que, quantidade suficiente de brita seja compactada sob o dormente. Não é necessÔrio forçar o vibrador para baixo.


Ɖ importante destacar que, nesta tarefa, o empregado deve ter especial atenção em relação Ć  sua postura quando estiver fazendo os movimentos com o vibrador. O esforƧo excessivo pode ocorrer caso o executante nĆ£o saiba manejar a ferramenta ou nĆ£o tenha boa prĆ”tica. Ademais, caso o volume de serviƧos seja excessivo, Ć© aconselhĆ”vel fazer rodĆ­zio dos executantes para descanso na tarefa.


A socaria da linha deve ser executada em todo dormente, sendo que na faixa de 25 cm em relação ao trilho deverÔ haver uma maior compactação do lastro.


Isto deve ser feito para evitar o empeno, trincas ou rachaduras do dormente quando a locomotiva estiver passando.


Devemos nos atentar às tomadas do vibrador que somente podem ser conectadas e desconectadas ao motor, se ele estiver desligado. Além disso, temos que ter atenção aos cabos a fim de evitar eventuais avarias no decorrer da tarefa que possam causar choques elétricos aos operadores.


Ao concluir a socaria, recompor o lastro deslocado no processo e completar os locais em que seja necessÔrio. Ao recolher brita com gadanho (forcado) o executante deve separar o material reaproveitÔvel das impurezas e retornar este material para os locais onde foi retirado ou removido para realização da socaria. Nesta tarefa deve-se cuidar para que a plataforma e o sistema de drenagem não sejam contaminados.


JĆ” para realização da socaria manual, devemos, com uma picareta de soca ou um gadanho, empurrar a brita para baixo do dormente e pressionĆ”-la com a ponta, de forma inclinada e alinhada como o eixo da linha. Com a picareta de soca, pressionar as pedras do lastro, umas sobre as outras, golpeando-as com energia na regiĆ£o de 25 cm para cada lado do trilho e de forma cruzada, entre a base do dormente e o ā€œcaloā€ da linha.


Assim como na socaria mecanizada, a manual também deve ser realizada debaixo de todo o dormente, concentrando-se, no entanto, na região de 25 cm para cada lado do trilho.


Este passo pode não ser executado se no local estiver previsto socaria com Equipamento de Grande Porte (EGP) e que este esteja programado para liberar a linha após seus trabalhos. Na socaria com EGP, é necessÔrio garantir espaçamento de 10-15 mm da parte superior da ferramenta de soca da face inferior do dormente. Além disso, esse procedimento possui risco de danificar o dormente e perder qualidade de nivelamento.


Ao término da socaria, deve-se recolher o lastro com gadanho (forcado), separar o material reaproveitÔvel das impurezas, através de movimentos vibratórios e retornar o material reaproveitÔvel para os locais de onde o lastro foi removido. Caso o local fique com necessidade de recomposição futura por falta de material, esta pendência deve ser anotada para ser alvo das próximas descargas de lastro.


Um ponto importante a ser destacado Ć© que em caso de AMV’s em operação nĆ£o poderĆ” ficar em nenhuma hipótese restos de lastro na regiĆ£o da agulha e que venha comprometer sua operação. Ademais, nesta tarefa, o empregado deve ter especial atenção em relação Ć  postura do corpo no recolhimento e lanƧamento do lastro na grade e nas irregularidades do piso.


11.Recolher material


Os dormentes inservƭveis e materiais metƔlicos depositados na plataforma da linha devem ser recolhidos diariamente em trens de serviƧo. Na impossibilidade de recolhimentos diƔrios, os dormentes e materiais devem ser empilhados em locais definidos.


Conclusão


Finalizamos mais uma publicação sobre dormente, desta vez, focando na sua substituição. Podemos perceber que tal processo necessita de muita atenção e cuidado, tanto para os execuntantes quanto para um bom resultado no projeto final. Para se aprofundar no assunto adquira o nosso curso de Manutenção de Dormentes.



Texto adaptado do Manual Técnico de Manutenção da Ferrovia Centro-Atlântica


Escrito por Paulo Lobato,PMP e Laura Lima

Especialista em manutenção de via permanente ferroviÔria

Elevada experiência em gerenciamento de projetos e anÔlise de viabilidade técnica-econÓmica de novos projetos

Engenheiro Civil formado pela UFMG em 2010 com curso de extensĆ£o em ferrovia e transportes pela Ɖcole Nationale des Ponts et ChaussĆ©es em Paris/FranƧa

Certificado em Gestão de Projetos pelo Project Management Institute (PMI)

Certificado em Inglês Avançado (CAE) pela Cambridge University

Pós-graduado em Engenharia FerroviÔria pela PUC-Minas

Pós-graduado em Gestão de Projetos pelo IETEC

Pós-graduado em Restauração e Pavimentação RodoviÔria pela FUMEC

Contato: (31) 98789-7662

E-mail: phlobato01@gmail.com


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