Dormentes ferroviÔrios: substituição de dormentes
- Paulo Lobato
- 3 de fev. de 2022
- 16 min de leitura
Atualizado: 1 de abr. de 2023
Introdução
Na postagem anterior, aprendemos sobre vÔrios tipos de equipamentos de pequeno porte utilizados na manutenção da via e, agora, vamos analisÔ-los na prÔtica. Além disso, neste post, daremos atenção, principalmente, à substituição de dormente, analisando os critérios de aplicação, bem como o passo a passo para fazer a substituição.
Critérios para a aplicação de dormentes
Na tabela abaixo podemos observar alguns critérios de aplicação de dormentes comuns:

TLS ā Trilhos longos soldados
TCS ā Trilhos contĆnuos soldados
Ć vĆ”lido destacar que o ponto de transição de tipos diferentes de dormentes deve ser locado a 30 metros de distĆ¢ncia de inĆcio/tĆ©rmino de curvas, pontes, viadutos e tuneis.
Em dormentes especiais, devemos considerar os seguintes critérios para sua aplicação:

Obs. 1. Aplicação de aço e concreto em pontes e viadutos com lastro, somente se dormente tiver predisposição para contra-trilho.
Obs. 2. Atualmente, somente se recomenda a aplicação de dormentes especiais de concreto para AMV em jacarĆ©s de ponta móvel. Nos jacarĆ©s de ponta fixa hĆ” os inconvenientes da grande variação entre os valores de eixamento dos veĆculos ferroviĆ”rios que provocam esforƧos excessivos quando da sua passagem pelos jacarĆ©s.
Os dormentes também possuem um espaçamento/taxa de dormentação padrão.

Obs. 1. Para cargas acima de 27,5 ton/eixo
Obs. 2. Para curvas apertadas (r < 280 m ou 4°). Devido à sobrecarga no trilho interno e necessidade de aumentar resistência da grade ao esforço lateral
à vÔlido destacar que o espaçamento de AMV, pontes e viadutos é dado conforme o projeto.
JÔ em relação ao espaçamento de dormentes em juntas metÔlicas ou isoladas, podemos ter duas opções de posicionamentos, são elas: junta apoiada e junta em balanço. Esta última é a mais recomendada e se dÔ quando apoiamos as pontas dos trilhos em dois dormentes, conforme figura abaixo à direita. A junta em balanço é mais apropriada pois gera menos impacto nos trilhos quando a locomotiva estÔ passando. JÔ a junta apoiada é aquela em que dois trilhos se apoiam em um dormente.
No que se diz respeito ao espaçamento de dormente em soldas, temos que destacar que elas devem ser executadas nos centros dos vãos entre os dormentes. Caso necessÔrio, deve-se espaçar os dormentes, no mÔximo ± 10 mm em relação ao espaçamento padrão.
Carga e descarga de materiais
Na carga e descarga de dormentes, devemos ter o mĆ”ximo de cuidado possĆvel com a integridade da peƧa. Para isso, devemos considerar que os dormentes de madeira sĆ£o mais resilientes e por isso podem ser arremessados, mas isso nunca deve acontecer com os de concreto e aƧo. Isso implica que, devemos privilegiar a descarga de dormentes de concreto e aƧo com cinta ou com garra. Estes, ao chegarem nos centros de distribuição devem ser manuseados com empilhadeiras. AlĆ©m disso, devemos impedir o contato de dormentes novos direto com o solo e humidade constante, para evitar a degradação prematura desses dormentes. Outro cuidado importante Ć© sobre empilhar os dormentes sempre antes da carga e descarga. Ademais, a descarga no trecho pode ser unitĆ”ria e devemos atentar para ordenação da carga no vagĆ£o nĆ£o gerar carga excĆŖntrica. Isso implica que a carga tem que ser distribuĆda uniformemente pelo vagĆ£o, para que uma parte nĆ£o esteja mais pesada que a outra e acabe gerando um descarrilamento.
Como jƔ mencionado, alguns materiais podem ser projetados, lembrando sempre do cuidado e da seguranƧa das pessoas ao redor.
Como jĆ” mencionado em outros posts, os dormentes de madeira podem ser descarregados e carregados por pessoas sem ajuda de mĆ”quinas. No manuseio desses dormentes, devemos atentar na hora de andar sobre a carga, isso nĆ£o pode acontecer com o veĆculo em movimento e ao deslocar sobre elas devemos tomar muito cuidado. No momento da descarga, Ć© necessĆ”rio observar se o dormente nĆ£o caiu sob o veĆculo, visto que isso pode acarretar um descarrilamento.
No que se diz respeito ao recolhimento dos dormentes devemos considerar:
Dormentes retirados da linha devem ser empilhados
Privilegiar local de pilhas em aceiros, ou seja, regiƵes limpas de mato
Ter atenção ao gabarito da via
Selecionar dormentes inservĆveis e reempregĆ”veis em pilhas distintas
Substituição de dormentes
A seguir vamos mostrar os passos para a substituição de dormentes detalhando-os e mostrar a utilização dos EPPās na prĆ”tica. Para isso, sugerimos que veja o post de Equipamentos de Pequeno Porte. Dessa forma, vocĆŖ ficarĆ” familiarizado com os termos utilizados a seguir. AlĆ©m disso, temos um curso completo sobre Fundamentos de Manutenção de Via Permanente, no qual aprofundamos sobre este assunto e afins.
1. Retirada da fixação
Para a retirada da fixação devemos ter alguns cuidados gerais relacionados à atividade:
Atentar-se às irregularidades do piso para evitar quedas e torções e manter uma postura adequada;
Manter-se sempre afastado do raio de projeção da marreta utilizada por outro empregado e interromper sua atividade se verificar outro empregado próximo ao raio da sua ferramenta;
As pessoas que nĆ£o estiverem envolvidas na atividade deverĆ£o manter-se a uma distĆ¢ncia de no mĆnimo 15 metros;
Em caso de substituição de dormentes a eito (quando vĆ”rios dormentes sĆ£o substituĆdos em sequĆŖncia), Ć© permitida a retirada de fixaƧƵes em no mĆ”ximo dois dormentes em sequĆŖncia sob o risco de abertura de bitola e flambagem do trilho, colocando em risco a seguranƧa operacional. Isso significa que vocĆŖ irĆ” retirar dois dormentes e pular dois, para nĆ£o perder a bitola da via.
Para retirada do grampo pandrol temos os seguintes procedimentos:
1º Posicionar o Pampuller na aba do grampo e no olhal da placa de apoio e forçar a ferramenta até a completa retirada do grampo.
2Āŗ Para retirar fixação Pandrol em placas de apoio originais, possivelmente, serĆ” necessĆ”rio o auxĆlio de uma marreta para executar a atividade. Essa opção deve ser em Ćŗltimo caso, uma vez que Ć© perigoso a saĆda de lascas, tanto da marreta quanto da fixação. Essas lascas podem sair na velocidade de uma bala e perfurar o trabalhador.
Retirada de prego de linha manualmente com alavanca:
1Āŗ Posicionar a ponta da alavanca com a fenda entre a cabeƧa do prego e a superfĆcie da placa de apoio, pressionando a extremidade oposta da alavanca para baixo.
2º Se o prego não sair, calçar a alavanca utilizando uma cunha metÔlica.
Retirada mecanizada de prego de linha:
1Āŗ Posicionar a mĆ”quina de arrancar pregos para um dos trilhos e encaixar a āgarraā da mĆ”quina entre a cabeƧa do prego e a superfĆcie da placa de apoio.
2º Ao transportar e movimentar a mÔquina, evitar esforço excessivo. E quando içÔ-la manualmente deve-se solicitar o apoio de colegas e adotar uma posição ergonÓmica correta.
3º Somente ligar a mÔquina após ela estar parada e posicionada para o trabalho.
Retirada mecanizada de tirefond:
1Āŗ Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela.
2Āŗ Verificar o soquete adequado e encaixĆ”-lo na tirefonadeira.
3Āŗ Encaixar o soquete na ācabeƧaā do tirefond para desparafusĆ”-lo e em seguida retirĆ”-lo.
Retirada manual de tirefond:
1º Encaixar a chave de tirefond na cabeça do tirefond e girÔ-la no sentido apropriado para desparafusar.
2º Esta tarefa exige a participação de dois executantes para evitar esforço excessivo, torções lombares e lesões à coluna.
Retirada mecanizada de fixação RN:
1Āŗ Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela.
2Āŗ Verificar o soquete adequado e encaixĆ”-lo na tirefonadeira.
3º Encaixar o soquete na porca do parafuso para desparafusÔ-lo e em seguida retirar o clipe elÔstico, o parafuso RN e o coxim se existente.
Retirada manual de fixação RN:
1º Encaixar a chave na porca do parafuso RN e girÔ-la no sentido apropriado para desparafusar e em seguida retirar o clipe elÔstico, o parafuso RN e o coxim se existente.
2º Esta tarefa exige a participação de dois executantes para evitar esforço excessivo e lesões à coluna
Seleção de fixação para reemprego:
Após a retirada das fixaƧƵes, deverĆ” ser feita a seleção do material a ser reempregado. Em caso de fixação Deenik, para nĆ£o utilizar grampos danificados, deve-se fazer uma inspeção visual apoiando-o em uma superfĆcie plana e verifica-se o espaƧo entre as pernas do grampo e a superfĆcie plana, que deve ser de aproximadamente 2 mm e nĆ£o pode ultrapassar a 4 mm.
Retirada de retensor:
1º Caso haja, o lastro deve ser retirado antes da execução desta atividade.
2º Bater com marreta em sua extremidade menor, forçando-o para baixo até que o ressalto aà existente o destrave. Posicionar um dos pés do lado oposto ao da batida sobre o retensor para evitar a projeção do mesmo.
3Āŗ HĆ” riscos de projeção do retensor, marreta ou partĆculas e prensamento de membros. Assim, verificar sempre as condiƧƵes das ferramentas.
Retirada manual de placa de apoio ou palmilha:
1Āŗ Com uma alavanca apoiada no dormente, forƧƔ-la para baixo levantando o trilho o mĆnimo possĆvel de modo a folgar a placa/palmilha.
2º Empurrar a placa com alavanca ou marreta no sentido do trilho até sua completa retirada.
3º Em dormente de concreto, para a retirada manual da palmilha e coxim, deverÔ ser utilizada uma espÔtula para facilitar a retirada da palmilha.
4º Esta operação deve ser realizada com cuidado e por duas ou mais pessoas
2. Abertura lateral da casa de pedra
Para fazermos uma abertura lateral na casa de pedra devemos utilizar uma picareta, forcado ou enxada, a fim de retirar o lastro entre os dormentes removendo o ombro atĆ© a face inferior do dormente a ser substituĆdo. No caso de lastro muito contaminado/compactado pode ser necessĆ”rio utilizar o rompedor. Nesta tarefa o empregado deve ter especial atenção em relação Ć postura do corpo na retirada e lanƧamento do lastro, hĆ” tambĆ©m perigo de queda devido Ć s irregularidades do lastro. Caso haja retensor no local, o próximo passo serĆ” sua retirada. Em caso negativo, segue-se Ć retirada do dormente a ser substituĆdo.
3. Remoção do dormente velho
Para remoção do dormente velho devemos deslocÔ-lo até que caia para o vão aberto. Em seguida, empurrar com alavanca e arrastar com a ferramenta tenaz e depositar em local onde possa ser recolhido e/ou empilhado. à vÔlido destacar que o dormente nunca deve ser manuseado com as mãos. Além disso é dever do executante, manter sua frente de trabalho organizada de modo a evitar acidentes. A remoção do dormente velho pode ser feita de maneira manual ou mecanizada.
TambĆ©m Ć© possĆvel a retirada mecanizada de dormentes. Para isso Ć© utilizado um manipulador de dormente hidrĆ”ulico para reduzir esforƧo dos trabalhadores e aumentar a produtividade.
Outra forma de mover os dormentes mecanicamente Ć© utilizando a Tie Gang, trocadora de dormente.
4. Tarugamento dos furos quando reempregƔvel
O tarugamento é necessÔrio sempre que um furo não for mais utilizado, como objetivo de impedir a entrada de humidade e o apodrecimento. à necessÔrio destacar que o tarugamento é importante para não perdemos o dormente.
Os furos do dormente devem ser tarugados, conforme os trĆŖs passos a seguir.
1. Colocar um tarugo (cilĆndrico ou prismĆ”tico) de madeira no furo.
2. Bater com a marreta atƩ preencher todo o furo.
3. Retirar, com a enxó, a ārebarbaā excedente do Tarugo
5. Entalhe
Quando o dormente de madeira possuir imperfeições, deve-se entalha-lo para permitir que as bases das placas de apoio de um mesmo dormente fiquem num mesmo plano. Com isso, devemos considerar que, quando não for utilizar placa de apoio ou a placa for plana, o entalhe serÔ de 1:20, a fim de garantir a inclinação dos trilhos.
Para o procedimento de entalhe, Ʃ necessƔrio seguir os seguintes passos:

1Āŗ Escolher a melhor face do dormente e marcar com giz o centro do mesmo, tomando-se por base o seu comprimento

2º A partir do centro, em direção às extremidades marcar a posição dos eixos dos trilhos

3º A partir das posições dos eixos dos trilhos, em direção aos dois lados, marcar as posições extremas do patim do trilho adotado, cuidando que a posição interna seja ultrapassada em 5 cm. Este passo pode ser realizado utilizando-se o gabarito de entalhamento.

4Āŗ Utilizar a enxó no sentido longitudinal do dormente, cortando do lado externo em direção ao interno, na inclinação de 1:20. Isso implica que para cada variação de 1 mm de altura, aumenta-se 20 mm de comprimento, cuidando que a superfĆcie cortada nĆ£o fique empenada.
Ć vĆ”lido mencionar que em dormentes que possam ser trabalhados fora da linha, utilizar o gabarito de entalhamento. Ademais, hĆ” perigos de corte e projeção de partĆculas, por isso, deve-se utilizar perneira adequada (caneleira) e óculos de seguranƧa.
6. Inserção de um novo dormente
A inserção do dormente novo deve acontecer posicionando o topo da peƧa na entrada da casa da via com o auxĆlio da tenaz do dormente. Na sequĆŖncia, a alavanca deve empurrar sua extremidade de forma que deslize livremente para baixo dos trilhos. Para realização desse processo nĆ£o se deve usar marreta, picareta ou nenhuma ferramenta que danifique o dormente e que possa reduzir sua vida Ćŗtil. Caso aconteƧa a utilização dessas ferramentas para bater na face dos dormentes, Ć© perigoso perder os gang nails, trincar o dormente de concreto e atĆ© mesmo empenar o dormente de aƧo.
Devemos tomar alguns cuidados quanto ao espaƧamento e esquadro:
Respeitar espaçamento padrão
Tolerância de espaçamento de ± 10mm
NĆ£o se deve golpear os dormentes! Utilizar alavanca e tenazes
Não posicionar os dormentes sob soldas aluminotérmicas
Quando necessÔrio, reespaçar dormentes próximos com tolerância unitÔria de ± 10mm
Manter os dormentes perpendiculares ao eixo da via (quadramento)
Para inserirmos a placa de apoio ou palmilha, devemos seguir alguns passos. Ć necessĆ”rio inserir a placa de apoio com o auxĆlio de alavanca apoiada no dormente. Em sequĆŖncia, forƧar a alavanca para baixo levantando o trilho o mĆnimo possĆvel para a inserção manual, deixando a mesma centralizada em relação ao eixo do dormente novo, ajustada ao patim do trilho e com a superfĆcie inclinada voltada para o eixo da linha.
JĆ” em dormente de concreto, com uma alavanca apoiada nele, forƧƔ-la para baixo levantando o trilho o mĆnimo possĆvel para a inserção manual da palmilha e coxim, deixando a esta centralizada em relação ao eixo do dormente novo, ajustada ao patim do trilho.
A inserção da placa de apoio ou palmilha requer muito cuidado, uma vez que a utilização da alavanca para levantar o trilho oferece perigo de esforço excessivo e quedas por escarpar do trilho. Por esse motivo, o empregado deve, sempre que necessitar, pedir ajuda a um empregado mais próximo. Ademais, é recomendado que não se deve utilizar as mãos para fazer a retirada da placa de apoio e ter muita atenção na retirada das palmilhas, uma vez que hÔ risco de aprisionamento de membros.
7. Furação do dormente
Uma vez que colocamos o dormente, é necessÔrio fazer a sua furação, que pode ser preferencialmente mecanizada, mas também pode ser manual. A seguir mostraremos esses dois tipos de furação.
7.1. Furação mecanizada
Para realizar esse procedimento, utilizamos a mÔquina de furar dormente convencional ou portÔtil. Assim, o operador da mÔquina deve regular o mandril da mÔquina para ajustar a profundidade do furo de acordo com a espessura do dormente e o comprimento do prego ou tirefond. Qualquer ajuste ou substituição de peças e implementos deve realizar-se com a mÔquina desligada.
Para execução da furação do dormente, serÔ utilizada mÔquina de furar dormente convencional ou portÔtil. A diferença entre elas é que, com a mÔquina convencional, se tem uma produção muito maior, devido ao fato de que com ela conseguimos fazer o furo direto. JÔ com a portÔtil temos um pouco mais dificuldade na hora da furação.
Após executar a furação devemos verificar a bitola e caso não esteja adequada, haverÔ necessidade de fazer a correção da bitola.
à importante destacar que o executante deve ter cuidado com partes moveis/rotativos da mÔquina, pois a broca pode atingir o uniforme do executante ou membros inferiores. Além disso, é proibida a utilização de camisa para fora da calça nesta tarefa.
7.2. Furação manual
Na furação manual, o operador deve posicionar o arco de pua no centro dos furos das placas que deverão receber as fixações. No entanto, se a furação for em dormente sem placa, o executante deverÔ posicionar o arco de pua encostando a sua broca no patim do trilho, no ponto em que deverÔ receber a fixação.
7.3. Diâmetro de brocas para furação de dormentes
O diĆ¢metro da broca Ć© sempre um 1/8ā menor que o tirefond utilizado naquele furo. Trouxemos uma tabela para mostrar alguns tamanhos de brocas para cada tipo de parafuso utilizado.

7.4. Posicionamento dos furos no dormente com ou sem placa de apoio
Em tangentes:
Utilizando dois tirefonds ou pregos por placa, a disposição dos novos furos serĆ” em forma de āVā em relação ao sentido da quilometragem, de modo que a ponta do āVā esteja posicionada do lado em que a quilometragem for crescente. Caso o sentido do "V" no local estiver padronizado no sentido decrescente, este padrĆ£o deverĆ” ser mantido.
Em curvas:
Utilizando três tirefonds ou pregos por placa, alternar fixação a cada dormente ora uma do lado interno e duas do lado externo, ora duas do interno e uma do externo.
7.5 Posicionamento dos furos no dormente sem placa de apoio
Para o posicionamento dos furos no dormente devemos seguir os seguintes passos:
1Āŗ Dividir a largura Ćŗtil do dormente por aproximadamente 3.
2º A partir das extremidades, puxar a medida encontrada em direção ao centrodo dormente.
3º Marcar neste ponto a posição do furo, observando o passo 1.
8. Colocação da fixação
Aplicação de Pandrol:
Para aplicar, inserir o grampo Pandrol manualmente no buraco da placa de apoio e pressionƔ-lo sobre o trilho utilizando-se do Pampuller atƩ o encaixe final.
Aplicação de Deenik:
Na aplicação, posicionar o grampo Deenik em frente Ć fenda da placa de apoio e encaixar o alicate de montagem a ele. Em seguida abrir as hastes do alicate de montagem, pressionara parte frontal do grampo para encaixĆ”-lo no orifĆcio da placa de apoio. Após o encaixe, o grampo Ć© desacoplado do alicate. Posicionar o aplicador (Puxador) para grampo Deenik, forƧando o mesmo atĆ© que este suba totalmente no patim do trilho.
Aplicação de prego de linha:
Aplicar o prego no furo da placa de apoio destinado a recebê-lo. Se o trilho for assentado diretamente no dormente, aplicar o prego no furo realizado no dormente para recebê-lo. Com a marreta, golpear a cabeça do prego até que ele se encoste ao patim do trilho. Se for verificado que a cabeça do prego se encostou ao patim do trilho, mas ainda hÔ um espaço entre a lateral do patim e o corpo do prego, é necessÔrio novo golpe, de modo a aproximar o corpo do prego da lateral do patim.
Aplicação de tirefond com equipamento mecanizado:
Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela.
Verificar qual o soquete (castanha) Ć© adequado Ć s dimensƵes do tirefond a ser aplicado e encaixĆ”-lo na tirefonadeira. Encaixar o soquete na ācabeƧaā do tirefond e acionar a alavanca da mĆ”quina descendo o mesmo atĆ© este encostar no patim do trilho.
Aplicação de tirefond manualmente:
Encaixar a chave na cabeça do tirefond e girÔ-la no sentido apropriado para parafusar, conforme a necessidade seja a de retirÔ-lo ou aplicÔ-lo. Esta tarefa exige a participação de dois executantes para evitar esforço excessivo e lesões à coluna.
Aplicação de tirefond:
No caso de dormente que serÔ aplicado diretamente no trilho sem placa, o mesmo jÔ deverÔ estar entalhado conforme visto anteriormente. Colocar os tirefonds apertando-os até o patim do trilho com a tirefonadeira convencional ou portÔtil ou chave de tirefond. Se a fixação for somente de pregos, estes devem ser batidos com marreta até o patim do trilho, finalizando com a recolocação dos retensores.
Aplicação de fixação RN com equipamento mecanizado:
Posicionar a carretilha sobre a via e posteriormente fixar a tirefonadeira nela. Verificar qual o soquete (castanha) é adequado às dimensões do parafuso RN a ser aplicado e encaixÔ-lo na tirefonadeira. Encaixar o soquete na porca do parafuso RN e acionar a alavanca da mÔquina descendo a porca até que esta aperte o clipe elÔstico RN contra o patim.
Aplicação de fixação RN manualmente:
Inserir o parafuso RN no local de encaixe do dormente de concreto e em seguida colocar o clipe elƔstico, a arruela e a porca no parafuso. Encaixar a chave na porca do parafuso RN e girƔ-la, descendo a porca atƩ que esta aperte o clipe elƔstico RN contra o patim.
Aplicação de retensor:
O retensor é aplicado batendo-se com marreta em sua extremidade maior, forçando-o até que o ressalto, existente na outra extremidade, o trave. Em seguida, deve-se posicionar um dos pés do lado oposto ao da batida sobre o retensor para evitar a sua projeção. Os retensores deverão ficar encostados nas laterais do dormente e na parte interna da linha.
9. Socaria do dormente
Após a substituição do dormente, Ć© necessĆ”rio executar a socaria do mesmo para garantir que nĆ£o haja espaƧo entre o dormente e o calo da via e garantir a estabilidade da via. Se houver algum espaƧo entre o dormente e o calo da via, pode gerar um desnivelamento dinĆ¢mico quando o veĆculo ferroviĆ”rio passar. Esta socaria deve ser preferencialmente mecanizada, mas tambĆ©m pode ser manual.
Para a socaria mecanizada, o executante deve posicionar a lâmina do vibrador junto e paralelamente ao dormente na direção vertical e sempre com a ponteira dirigida para o trilho. Em seguida, a lâmina serÔ recuada e novamente inserida, sem sair do lastro, até que, quantidade suficiente de brita seja compactada sob o dormente. Não é necessÔrio forçar o vibrador para baixo.
Ć importante destacar que, nesta tarefa, o empregado deve ter especial atenção em relação Ć sua postura quando estiver fazendo os movimentos com o vibrador. O esforƧo excessivo pode ocorrer caso o executante nĆ£o saiba manejar a ferramenta ou nĆ£o tenha boa prĆ”tica. Ademais, caso o volume de serviƧos seja excessivo, Ć© aconselhĆ”vel fazer rodĆzio dos executantes para descanso na tarefa.
A socaria da linha deve ser executada em todo dormente, sendo que na faixa de 25 cm em relação ao trilho deverÔ haver uma maior compactação do lastro.
Isto deve ser feito para evitar o empeno, trincas ou rachaduras do dormente quando a locomotiva estiver passando.
Devemos nos atentar às tomadas do vibrador que somente podem ser conectadas e desconectadas ao motor, se ele estiver desligado. Além disso, temos que ter atenção aos cabos a fim de evitar eventuais avarias no decorrer da tarefa que possam causar choques elétricos aos operadores.
Ao concluir a socaria, recompor o lastro deslocado no processo e completar os locais em que seja necessÔrio. Ao recolher brita com gadanho (forcado) o executante deve separar o material reaproveitÔvel das impurezas e retornar este material para os locais onde foi retirado ou removido para realização da socaria. Nesta tarefa deve-se cuidar para que a plataforma e o sistema de drenagem não sejam contaminados.
JĆ” para realização da socaria manual, devemos, com uma picareta de soca ou um gadanho, empurrar a brita para baixo do dormente e pressionĆ”-la com a ponta, de forma inclinada e alinhada como o eixo da linha. Com a picareta de soca, pressionar as pedras do lastro, umas sobre as outras, golpeando-as com energia na regiĆ£o de 25 cm para cada lado do trilho e de forma cruzada, entre a base do dormente e o ācaloā da linha.
Assim como na socaria mecanizada, a manual também deve ser realizada debaixo de todo o dormente, concentrando-se, no entanto, na região de 25 cm para cada lado do trilho.
Este passo pode não ser executado se no local estiver previsto socaria com Equipamento de Grande Porte (EGP) e que este esteja programado para liberar a linha após seus trabalhos. Na socaria com EGP, é necessÔrio garantir espaçamento de 10-15 mm da parte superior da ferramenta de soca da face inferior do dormente. Além disso, esse procedimento possui risco de danificar o dormente e perder qualidade de nivelamento.
Ao término da socaria, deve-se recolher o lastro com gadanho (forcado), separar o material reaproveitÔvel das impurezas, através de movimentos vibratórios e retornar o material reaproveitÔvel para os locais de onde o lastro foi removido. Caso o local fique com necessidade de recomposição futura por falta de material, esta pendência deve ser anotada para ser alvo das próximas descargas de lastro.
Um ponto importante a ser destacado Ć© que em caso de AMVās em operação nĆ£o poderĆ” ficar em nenhuma hipótese restos de lastro na regiĆ£o da agulha e que venha comprometer sua operação. Ademais, nesta tarefa, o empregado deve ter especial atenção em relação Ć postura do corpo no recolhimento e lanƧamento do lastro na grade e nas irregularidades do piso.
11.Recolher material
Os dormentes inservĆveis e materiais metĆ”licos depositados na plataforma da linha devem ser recolhidos diariamente em trens de serviƧo. Na impossibilidade de recolhimentos diĆ”rios, os dormentes e materiais devem ser empilhados em locais definidos.
Conclusão
Finalizamos mais uma publicação sobre dormente, desta vez, focando na sua substituição. Podemos perceber que tal processo necessita de muita atenção e cuidado, tanto para os execuntantes quanto para um bom resultado no projeto final. Para se aprofundar no assunto adquira o nosso curso de Manutenção de Dormentes.
Texto adaptado do Manual Técnico de Manutenção da Ferrovia Centro-Atlântica
Escrito por Paulo Lobato,PMP e Laura Lima

Especialista em manutenção de via permanente ferroviÔria
Elevada experiência em gerenciamento de projetos e anÔlise de viabilidade técnica-econÓmica de novos projetos
Engenheiro Civil formado pela UFMG em 2010 com curso de extensĆ£o em ferrovia e transportes pela Ćcole Nationale des Ponts et ChaussĆ©es em Paris/FranƧa
Certificado em Gestão de Projetos pelo Project Management Institute (PMI)
Certificado em Inglês Avançado (CAE) pela Cambridge University
Pós-graduado em Engenharia FerroviÔria pela PUC-Minas
Pós-graduado em Gestão de Projetos pelo IETEC
Pós-graduado em Restauração e Pavimentação RodoviÔria pela FUMEC
Contato: (31) 98789-7662
E-mail: phlobato01@gmail.com